quarta-feira, 21 de agosto de 2013

ERA Z - DIA 17

Blumenau,  21 de agosto de 2013

09:45 - Nem em sonhos mais tenho sossego, fecho meus olhos para dormir e a imagem daquelas coisas vem a minha cabeça, essa noite mesmo sonhei que eles haviam invadido a casa, no início eram apenas alguns, dominamos a situação facilmente, quando de repente chegou a horda inteira, acordei no susto e a primeira coisa que fiz foi empunhar minha faca de caça que está ao lado da cama. Sem saber ainda o que era sonho ou realidade dirigi-me ao ponto de vigia mais próximo, gostaria que tudo isso não passasse de um pesadelo. Ao chegar no ponto de vigia mais perto do meu quarto notei uma movimentação além do normal dentro da casa. Não sei como, os infectados sabiam que estávamos lá dentro e estavam aos berros na frente do portão principal, deveria ter uns seis quando cheguei, berrando olhando para a casa e com os braços esticados para dentro do terreno, na tentativa falha de agarrar alguma coisa.

Não poderíamos deixar isso assim, o barulho que eles estavam produzindo estava atraindo cada vez mais infectados para o portão, como se o grunhido deles fosse usado para algum tipo de comunicação, ou estavam apenas vindo em direção ao barulho, que ao meu ver é a explicação mais óbvia. Já era passado das 3 da madrugada, a noite estava clara devida a lua cheia, então nem foi preciso acender as luzes da frente da casa para que pudéssemos vê-los. Uma das cortinas da frente da casa foi aberta para atrair a atenção deles, em quanto isso eu e mais dois saímos pelos fundos da casa, demos a volta no terreno, contornando o muro para evitar sermos visto. Estávamos com toda área do corpo coberta, bala clava e óculos, para evitar que qualquer gota de sangue pudesse entrar em contato com nossos olhos ou bocas. Fomos contornando o muro e a visão lateral que tínhamos era de uns oito pares de braços esticados para dentro do portão, agora mais alvoroçados devido a luz que vinha da janela que havia sido aberta. Meu facão é super afiado, efetuei o primeiro corte achando que ia amputar em apenas um golpe o braço de um dos infectados, só pensei... Ao contrário do que vemos em filmes o corpo humano é muito resistente, o primeiro golpe que eu dei foi barrado pela ulna*, passou direto as camadas de tecido adiposo e muscular, quebrou o rádio* e parou na ulna. Foi preciso mais dois golpes para que o primeiro braço caísse ao chão. Um sangue escuro, devido a falta de oxigênio, jorrou do braço dele. Os de mais aferiram os golpes direto na cabeça, novamente não foi tão fácil ultrapassar os ossos do crânio. Meu braço já estava pesado quando o último infectado caiu a nossa frente, óbvio que não estávamos em contato direto com eles e tínhamos toda segurança do portão que impedia que eles corressem atrás de nós, ficaram ali parados, indefesos como gado aguardando o abate. Ficamos cobertos de sangue, sangue infectado. Tem uma ducha atrás da casa, tiramos toda roupa suja e entramos de baixo do chuveiro, a água estava gelada, mas não foi problema, a adrenalina estava a mil. A nossa proteção conseguiu evitar que respingasse qualquer tipo de fluído corporal infectado em nossos olhos ou bocas, tivemos que descobrir da pior maneira.

Isso foi realmente uma experiência traumática, nunca pensei que em vida veria ou muito menos faria uma coisa dessas. O mundo está realmente perdido, onde precisamos matar para sobreviver. Uma segunda equipe foi mandada lá para fora para tirar os corpos da frente do portão, dessa vez o portão precisou ser aberto então uma escolta armada foi utilizada, não poderíamos nos dar o luxo de pensar em evitar barulho, caso fosse preciso atiraríamos nos infectados sem pensar duas vezes. 

Fazia tempo que eu não via o portão aberto e para dizer a verdade, preferia ter o deixado fechado... A missão de limpeza ocorreu conforme planejado, os corpos foram tirados dali e jogados no terreno da casa em frente. Enquanto isso nenhum outro infectado apareceu. Não tínhamos como enterrar os corpos naquele momento, era muito arriscado permanecer tanto tempo fora da casa, mas teremos que fazer isso o quanto antes, com o sol que está dando agora os corpos entrarão em decomposição mais rápido ainda.

Se tudo ocorrer bem na sexta a noite faremos uma ronda no quarteirão, tentar montar um perímetro maior de segurança, estendendo nossas defesas além dos muros da minha casa.

Vou nessa que o dia hoje será longo, qualquer notícia volto a postar.

*rádio e ulna são os ossos do antebraço.
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